Durante este ano, assinalarei aqui acontecimentos importantes do reinado de Dom Dinis, à medida que forem acontecendo os respetivos aniversários, assim como transcreverei excertos do meu romance sobre o Rei Lavrador.

28
Jul 16

Os desentendimentos entre Dom Dinis e o seu herdeiro refletiram-se na sua relação com a rainha Dona Isabel, acusada, por ele, de se pôr ao lado do filho.

 

Dinis levantou-se irado, deixando o local sem proferir palavra. A caminho dos seus aposentos, porém, notou que Isabel o alcançava e lançou-lhe por cima do ombro:

- Nada tenho para falar convosco!

- Pois eu tenho algo para vos dizer!

Mais furioso do que nunca, resmungou, apressando os seus passos:

- Não estou interessado.

- Porque nunca vos interessais pelo que diz respeito ao vosso próprio herdeiro?

Dinis estacou. Na verdade, sentia a fúria dar lugar a um vago sentimento de culpa. Teria Isabel razão? Seria ele o responsável pela sede de protagonismo do filho? Sentia-se Afonso preterido em relação ao meio-irmão?

Virou-se para Isabel e confessou:

- Afonso não é o herdeiro com que eu sonhei.

- Afonso é o herdeiro que Deus vos deu! Não devíeis provocar a sua ira!

O rei tornou a exaltar-se:

- Eu ajo como bem entendo, com quem bem entendo!

Isabel declarou, como se proferisse uma sentença:

- Quem a ira semeia, a ira colherá!

 

 

Dom Dinis Série (1).JPG

 

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publicado por Cristina Torrão às 11:47

24
Jul 16

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A vila de Caminha faz hoje 732 anos.

 

A 24 de Julho de 1284, Dom Dinis fundou a vila de Caminha, à qual deu foral.

 

 

 

 

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Verifica-se hoje igualmente o 711º aniversário do foral de Porto de Mós, concedido por Dom Dinis.

 

 

 

 

 

 

 

Foi também a 24 de Julho, no ano de 1306, que Jaime II de Aragão escreveu ao cunhado Dom Dinis, pedindo-lhe que ajudasse a esclarecer a morte de Dona Violante Manuel, casada com o infante Dom Afonso, irmão do rei português.

 

Trata-se de um assunto que permanece na obscuridade. Dom Afonso terá assassinado a esposa e procurado proteção junto do irmão rei. O caso nunca foi esclarecido, pois Dom Dinis protegeu o irmão, contando a versão deste, que apontava para um acidente, mas que não era plausível.

 

O infante Dom Afonso, dono de um carácter enigmático que deu muitas dores de cabeça a Dom Dinis, viveria, a partir desta altura, amargurado até à sua morte, a 2 de Novembro de 1312, com apenas quarenta e nove anos. Foi sepultado na igreja de São Domingos de Lisboa.

 

Dom Dinis Série (1).JPG

 

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publicado por Cristina Torrão às 11:20

20
Jul 16

Excerto do meu romance, respeitante ao terceiro manifesto apresentado por Dom Dinis contra o seu filho e herdeiro, futuro Dom Afonso IV:

 

Dinis não descortinava maneira de prever o futuro. Nada mais lhe restava do que dar o contributo que achava adequado para o findar das calamidades: apresentou, a 17 de Dezembro, apenas uma semana depois do sismo, o seu terceiro manifesto, mais violento. Dirigia-o ao concelho de Lisboa, de quem pretendia, entre outros, apoio militar.

Mais uma vez, relatava os desmandos e violências perpetrados pelos apoiantes do príncipe, muitos deles degredados e malfeitores. E ia mais longe: escarnecia da intromissão da rainha e do apoio que o infante havia solicitado a Aragão, pois os que acompanhavam o filho nada tinham que devessem à rainha e o próprio príncipe nada tinha que viesse de Aragão, mas sim apenas do rei, seu pai. Concluía, desnaturando o filho: o Infante, pelas obras em que andou e anda e pelos seus cometimentos feitos até aqui, e que agora faz atacando o Rei, desnaturou-se do Rei e da sua terra e dos seus naturais.

 

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publicado por Cristina Torrão às 11:14

18
Jul 16

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Mais uma cena de desentendimento entre Dom Dinis e o filho Dom Afonso:

 

A sentença do tribunal régio no processo dos herdeiros do 1º conde de Barcelos foi proferida a 3 de Janeiro de 1312. E, se já se previam vantagens para Afonso Sanches, a proporção do favorecimento acabou por surpreender! Martim Gil de Riba de Vizela, apesar de ainda não ser velho, foi-se muito abaixo, por andar enfermo. Resolveu abandonar o reino, exilando-se em Castela, nem os pedidos do infante herdeiro e do fidalgo aragonês Raimundo de Cardona o conseguiram demover da sua decisão.

- Como pudestes consentir tal? - O olhar do príncipe, normalmente enigmático, mostrava ao pai a tristeza e a indignação: - Levar um homem enfermo a exilar-se, um varão que tão bem serviu o reino!

- Exilou-se de sua própria vontade - retorquiu Dinis impassível.

Afonso fechou a mão num punho, apertando-a com toda a força:

- E tudo apenas para favorecerdes ainda mais o vosso bastardo!

Naquele punho tremente, Dinis constatou que a aproximação entre ele e o filho, operada com algum custo, nos últimos dois anos, estabelecera apenas uma ligação ténue, que ameaçava soçobrar sob o peso do exílio voluntário do 2º conde de Barcelos.

 

 

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publicado por Cristina Torrão às 11:08

15
Jul 16

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Os desentendimentos entre Dom Dinis e o seu herdeiro, futuro Dom Afonso IV, haveriam de culminar numa guerra civil. No meu romance, os dois nunca verdadeiramente se entenderam. Aqui, uma cena, em que o príncipe contava dezassete anos de idade:

 

Não havia como ignorar a existência de ciúmes e invejas, quiçá a formação de duas fações: uma, à volta do rei e de Afonso Sanches; outra, em torno do príncipe herdeiro e Martim Gil, causando grande preocupação em Isabel. Com razão! No dia seguinte, em pleno ambiente de festa na véspera das bodas, o sucessor de Dinis espantava-o ao anunciar a apresentação de um protesto!

Reuniu-se a família real, que incluía os bastardos. O príncipe estava como habitualmente acompanhado de Raimundo de Cardona e, além da rainha, encontravam-se presentes o bispo de Coimbra e chanceler-mor do reino Dom Estêvão Anes Bochardo, o alferes-mor Martim Gil de Riba de Vizela e o meirinho-mor João Simão de Urrô.

Dinis quis saber que documento o infante segurava na mão, ao que Afonso respondeu altivo:

- Trata-se do protesto que minha mãe proferiu, a 6 de Fevereiro de 1297, nesta mesma alcáçova, contra a legitimação dos filhos de meu tio Afonso. Hoje, na presença de todas estas testemunhas, eu, o príncipe herdeiro de Portugal, reitero este protesto!

Dinis quedou-se atónito por alguns momentos. Depois, lançou:

- Mas que despropósito!

- Muito me surpreende, meu pai, que não vejais o perigo de…

- Como vos atreveis a agredir vosso tio Afonso de tal guisa?

Gerou-se um momento de grande tensão, em que os presentes mal se atreviam a respirar. O monarca, como instância máxima, tinha o direito de interromper quem quisesse, mas evitava-o, principalmente com altos dignitários do clero e da nobreza. Agora, fazia-o com o infante herdeiro! Dinis desprestigiava o seu sucessor, à frente da família e das restantes personalidades.

O rei notava-lhe a fúria nos olhos negros, mas o jovem manteve a pose, um semblante que, aos dezassete anos, já revelava um carácter austero e disciplinado, não se permitindo um desvio, um excesso. Dinis não encontrava nada de seu, naquele filho. Como se Isabel o tivesse produzido sozinha!

 

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publicado por Cristina Torrão às 11:31

12
Jul 16

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Imagem encontrada aqui

 

 

A 12 de Julho de 1270, nasceu a infanta Dona Isabel de Aragão, filha de Dom Pedro III e de Dona Constança da Sicília. Dona Isabel tornou-se rainha de Portugal, ao casar com Dom Dinis. As suas bodas foram celebradas em Trancoso, a 26 de Junho de 1282.

 

A relação entre Dom Dinis e Dona Isabel levanta algumas interrogações, por exemplo: porque só tiveram dois filhos, no espaço de dois anos (1290/91), quando estiveram casados quarenta e quatro?

 

Reproduzo uma cena do meu romance, numa altura em que, devido à juventude de Dona Isabel, ainda não existia relação conjugal entre eles:

 

Quando a música cessou, em vez de aplaudir ou elogiar, Isabel ficou fixa nele. Os olhos negros brilhavam intensamente. Gerou-se silêncio, só se ouvia o crepitar do lume… Até que lobos uivaram na serra.

Os alões em frente à lareira ergueram a cabeça inquietos, Dinis e os trovadores entreolharam-se. O uivo dos lobos era muitas vezes considerado mau agoiro quando acontecido no meio do silêncio… Isabel parecia não se dar conta de nada, continuava paralisada, de olhos postos no esposo.

Os trovadores acharam por bem começarem novamente a tocar os seus alaúdes. E Dinis questionou a sua rainha:

- Que tendes? Porque me olhais assim?

Ela estremeceu, como se tivesse acordado de um sonho, e desviou o olhar, mantendo-se calada. Dinis insistiu:

- Não vos agradou a cantiga?

Isabel tornou a encará-lo:

- Adorei. Nunca ouvira cantar tão bonito. E pensar que a entoastes para mim…

- Porque não exprimistes o vosso agrado?

- Perdoai, eu…

- Não quero que peçais perdão! Quero apenas que me digais porque silenciastes.

- Eu… não sei… Há algo no vosso olhar que me prende…

- Sim… Continuai…

- Eu… nunca vi olhos como os vossos. São castanho-claros, da cor do ouro. E tão meigos! Por vezes, penso que poderia ficar horas a admirá-los.

Dinis pegou-lhe na mão. E Isabel corou, pescoço e rosto tornaram-se escarlates. Ele beijou-lhe a mão e notou que a respiração dela acelerava. Inquiriu:

- Causo-vos aflição? Sou-vos desagradável?

- Sim, causais-me aflição… Mas não, não me sois desagradável. Assustais-me! Pergunto-me se é conveniente que me sinta tão atraída por vós, que ache a vossa presença tão agradável, o vosso toque tão… doce!

- Claro que é conveniente. Olvidais que somos unidos em matrimónio? Que é nosso dever dar um herdeiro ao reino?

 

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publicado por Cristina Torrão às 11:15

10
Jul 16

Excerto do meu romance, respeitante ao segundo manifesto que Dom Dinis apresentou contra o seu filho e herdeiro, futuro Dom Afonso IV:

 

           Perante tal ousadia, Dinis preparou um segundo manifesto, que mandou ler a 15 de Maio, nos Paços de Lisboa. Começava por referir certos aspetos do primeiro, acrescentando a prova dada por João XXII de que nunca tentara legitimar o filho Afonso Sanches. Referia, em seguida, o encontro entre o infante e Maria de Molina, a propósito da questão da justiça do reino, e relembrava os diversos casos de assassinatos perpetrados pelos apoiantes do infante, quer no Entre Douro e Minho, quer no Alentejo, dando relevo ao assassinato do bispo de Évora. Realçava que todos estes criminosos se recolhiam à proteção do príncipe, impedindo a atuação da justiça régia.

            À cabeça da lista das vinte testemunhas deste manifesto, surgiam os dois bastardos reais Afonso Sanches e João Afonso, seguindo-se o genro João Afonso de la Cerda e o Mestre de Avis. Também o alcaide de Lisboa Fernão Rodrigues Bugalho e o meirinho-mor Lourenço Anes Redondo lá constavam. Numa carta que escreveu a Jaime II, a 8 de Junho, queixando-se das atitudes do filho, Dinis mandou cópias deste manifesto.

 

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publicado por Cristina Torrão às 11:11

08
Jul 16

Aqui, uma cena do meu romance, respeitante a um episódio da guerra que opôs Dom Dinis ao seu herdeiro, o futuro Dom Afonso IV:

 

O monarca deu mais algumas vezes ordem de disparo, a fim de matar o maior número possível de adversários, antes de investir contra eles.

Nisto, o alcaide Fernão Rodrigues Bugalho agitou-se a seu lado:

- Pelas cinco chagas… Mas que vem a ser aquilo?

Dinis esforçou os olhos no ar límpido da manhã. A primeira coisa que viu foi a cruz, segurada por um cavaleiro. Que não vinha sozinho! Duas figuras a cavalo deslocavam-se pelo campo, debaixo do voo das setas!

- Com mil diabos - exclamou o alferes-mor João Afonso. - Estarão as criaturas cansadas de viver?

O rei esforçou mais os olhos. A figura da frente vinha toda vestida de branco, uma capa esvoaçava na brisa da manhã, iluminada pelo sol de Dezembro. Parecia um anjo…

Isabel!

- Cessai os disparos - berrou Dinis com quanta força tinha. - É a rainha! Cessai os disparos!

 

 

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publicado por Cristina Torrão às 10:18

06
Jul 16

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Em Julho de 1242 (não se sabe o dia), nasceu Dona Beatriz de Castela, futura rainha de Portugal, filha ilegítima de Dom Afonso X de Leão e Castela e de Dona Maior Gusmão. Dona Beatriz casou com Dom Afonso III em Maio de 1253, o que provocou o protesto papal, pois o rei português ignorava o seu casamento com Matilde de Boulogne.

 

Foi através de Dona Beatriz que Moura, Serpa, Noudar e Mourão foram incluídas no reino português, pois faziam parte da herança que a rainha recebera de seu pai, Dom Afonso X.

 

Dinis não podia recusar uma coisa daquelas à mãe e prometeu. Em seguida, aguardou uns momentos e inquiriu:

- As vilas de Moura, Serpa, Noudar e Mourão continuam em vosso poder, não é verdade?

- Sim, com todos os seus termos, castelos, rendas e direitos. Foi essa a recompensa de vosso avô, por eu lhe ter prestado assistência.

- Presumo então que nada tereis contra o facto de integrá-las no reino de Portugal!

Beatriz fixou-o pensativa e, assim pareceu a Dinis, um pouco acusadora. Na verdade, o rei receava que ela dissesse que ele não merecia tal, por ter abandonado o avô. Mas ela acabou por retorquir:

- Longe de mim contrariar vosso pai nessa questão.

- Meu pai?!

- Fosse ele vivo, não tenho a menor dúvida qual seria a sua vontade!

Para Dinis, aquela era uma vitória de sabor amargo. Sua mãe concordava em alargar a fronteira portuguesa para leste do Guadiana, mas, pelos vistos, não porque ele merecesse, ou por ela lhe querer dar esse gosto. Beatriz acrescentou:

- Além disso, não está apenas em causa a vossa herança. - Prosseguiu, com um esboço de sorriso: - O reino pertencerá um dia ao vosso herdeiro, meu neto. Essa é a razão mais forte para o meu regresso: pretendo acompanhar a educação e o crescimento dos infantes.

 

 

Dom Afonso III e Dona Beatriz tiveram a primeira filha, Branca, em Fevereiro de 1259. Dom Dinis nasceria a 9 de Outubro de 1261.

 

Restantes filhos:

Infante Dom Afonso, nascido a 6 de Fevereiro de 1263

Infanta Dona Sancha, nascida a 2 de Fevereiro de 1264

Infanta Dona Maria, nascida em Fevereiro ou Março de 1265 (morre a 6 de Junho de 1266)

Infante Dom Vicente, nascido a 22 de Janeiro de 1268 (morre antes de 1271)

Infante Dom Fernando, nascido a 1269 (morre pouco depois).

 

Dona Beatriz morreu a 7 de Agosto de 1300 e foi sepultada em Alcobaça, onde já repousava o esposo. Os seus senhorios foram transferidos para a nora Dona Isabel.

 

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publicado por Cristina Torrão às 11:00

04
Jul 16

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Excerto do meu romance, respeitante ao primeiro manifesto que Dom Dinis apresentou contra o filho:

 

A 1 de Julho daquele ano de 1320, Dinis mandou ler o manifesto nos paços reais da alcáçova de Santarém, na presença dos seus nobres conselheiros e dos Mestres das Ordens militares.

O rei começava por referir a ingratidão do filho, não obstante as mercês com que o cumulara e à sua esposa. Invocava os conflitos que haviam existido entre Afonso Sanches e o 2º conde de Barcelos Martim Gil de Riba de Vizela, referindo que havia tentado a concórdia entre os dois, por amor do infante meu filho, com quem ele (Martim Gil) andava, não evitando, porém, que o conde se tivesse feito vassalo do rei de Castela. Em vez de condenar tal atitude, tendo em conta a desonra que representava para o próprio monarca seu pai, o príncipe manifestara amizade e solidariedade ao desertor, uma afronta que ele, o rei, não podia calar, apesar de já se haverem passado oito anos.

Dinis referia-se ainda às discórdias que o haviam oposto a Frei Estêvão Miguéis e a seu sobrinho Dom Fernando Ramires, que haviam intrigado junto do príncipe, incitando-o a desobedecer ao pai. Acusava o bispo de Lisboa de haver usado o dinheiro que lhe dera para custear as negociações na Santa Sé, a fim de comprar a sua nomeação e a do sobrinho para os bispados de Lisboa e do Porto.

O monarca apresentou ainda a prova documental do comendador de Magazela, onde se negava liminarmente os atos de acusação sobre o envenenamento, e confessava haver suportado e encoberto, até àquele ponto, todas as ofensas que recebera do filho, na esperança de que ele se corrigisse. A sua paciência e a sua tolerância haviam-se, porém, esgotado porque vejo que seu mal é já tanto e cada dia vai pior.

Dinis finalizava dizendo que jamais provocara ou quisera provocar qualquer dano ao herdeiro do trono, solicitando, por exemplo, a legitimação de Afonso Sanches. E já pedira a João XXII a prova documental. Na sua opinião, o único motivo que movia o príncipe era a inveja que ele tinha daquele seu irmão, por Afonso Sanches sempre ter sido obediente ao pai, estando ao seu serviço e fazendo a sua vontade.

 

 

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publicado por Cristina Torrão às 10:55

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As minhas informações sobre Dom Dinis são baseadas na biografia escrita pelo Professor José Augusto de Sotto Mayor Pizarro (Temas e Debates 2008)
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História
Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.
«O passado dos homens não foi só a sua vida pública. Foi também o jogo ou a luta de cada dia e aquilo em que eles acreditaram», Prof. José Mattoso
Que a História também dos fracos reze!
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