Durante este ano, assinalarei aqui acontecimentos importantes do reinado de Dom Dinis, à medida que forem acontecendo os respetivos aniversários, assim como transcreverei excertos do meu romance sobre o Rei Lavrador.

04
Mai 16

Afonso III.jpg

 

 

Dom Afonso III na Viagem Medieval de Santa Maria da Feira 2015

 

 

Também o avô de Dom Afonso IV, Dom Afonso III, casou no mês de Maio, não se sabendo o dia e sendo a noiva igualmente infanta Dona Beatriz de Castela! Foi cinquenta e seis anos antes, em 1253, a noiva teria apenas onze anos, o noivo ia pelos quarenta.

 

Este casamento surgiu na sequência de um Tratado de Paz entre Portugal e Castela por causa da questão do Algarve, mas implicou problemas muito graves: Dom Afonso III foi acusado de bigamia pelo papa Alexandre IV, que, dois anos mais tarde, lançaria o interdito sobre Portugal. Um reino sob interdito estava proibido de celebrar missas e sacramentos (incluindo casamentos e batizados), situação que durou quase dez anos.

 

A razão para medida tão severa: à altura do seu casamento com Dona Beatriz, Dom Afonso III era ainda casado com Matilde de Boulogne. Dom Afonso III tinha ido ainda jovem para a corte francesa, que se encontrava sob a regência de sua tia Branca, antiga infanta de Castela. Em 1239, a tia arranjou-lhe casamento com a viúva Matilde de Boulogne, bastante mais velha do que ele, mas filha única da condessa Ida e herdeira daquele condado.

 

Seis anos mais tarde, porém, Dom Afonso regressou sozinho a Portugal, a fim de tomar conta do reino mal governado por seu irmão. Em 1253, já coroado rei, e no intuito de pôr fim ao conflito com o monarca castelhano por causa do Algarve, casou com Beatriz, ignorando Matilde por completo, de quem vivia separado há oito anos.

 

O rei chegou ao ponto de ignorar uma ordenação papal para se apresentar em Roma, a fim de ser julgado por bigamia, mas o problema resolveu-se com a morte inesperada de Matilde. No entanto, só passados cinco anos, em Junho de 1263, um novo papa, Urbano IV, legitimou o segundo consórcio do monarca, levantando o interdito sobre o reino.

 

À altura do seu nascimento, a 9 de Outubro de 1261, Dom Dinis era, no fundo, ilegítimo e este argumento foi usado por seu irmão Afonso, quando, pela terceira vez, se revoltou contra o rei, em 1299, obrigando Dom Dinis a montar cerco a Portalegre. Dom Afonso alegava ter mais direito ao trono do que o irmão mais velho, por ter nascido numa data mais próxima da legalização do casamento dos pais (a 6 de Fevereiro de 1263).

 

Dom Afonso III e Dona Beatriz tiveram sete filhos:

 

Infanta Dona Branca, nascida em Fevereiro de 1259

Dom Dinis, nascido a 9 de Outubro de 1261

Infante Dom Afonso, nascido a 6 de Fevereiro de 1263

Infanta Dona Sancha, nascida a 2 de Fevereiro de 1264 (faleceu com cerca de vinte anos)

Infanta Dona Maria, nascida em Fevereiro ou Março de 1265 (faleceu com pouco mais de um ano)

Infante Dom Vicente, nascido a 22 de Janeiro de 1268 (falecido ainda criança)

Infante Dom Fernando, nascido em 1269, falecendo pouco tempo depois.

 

 

publicado por Cristina Torrão às 10:41

Andanças Medievais
O meu outro blogue Andanças Medievais A minha página no Facebook Andanças Medievais
Informação
As minhas informações sobre Dom Dinis são baseadas na biografia escrita pelo Professor José Augusto de Sotto Mayor Pizarro (Temas e Debates 2008)
Dezembro 2016
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3

4
5
6
7
8
9
10

11
13
14
15
16
17

19
20
21
22
23
24

25
26
27
28
29
30


pesquisar
 
Viagem Medieval
O reinado de Dom Dinis é o tema da próxima Viagem Medieval em Terra de Santa Maria
mais sobre mim
Vamos salvar o túmulo do rei D. Dinis
Uma página do Facebook que alerta para a necessidade de se restaurar o túmulo de Dom Dinis no mosteiro de Odivelas.
favoritos

Hera

História
Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.
«O passado dos homens não foi só a sua vida pública. Foi também o jogo ou a luta de cada dia e aquilo em que eles acreditaram», Prof. José Mattoso
Que a História também dos fracos reze!
Não há História verdadeira sem a versão dos vencidos.
blogs SAPO