Dedicarei o ano de 2016 a Dom Dinis - por acaso, o seu 755º aniversário -, aproveitando o facto de o Rei Lavrador ser tema da próxima Viagem Medieval em Santa Maria da Feira. Também foi criada uma página no Facebook, a fim de alertar as autoridades para o péssimo estado em que se encontra o seu túmulo, em Odivelas.
Dom Dinis é conhecido por ter sido poeta, fundador da Universidade portuguesa (aliás em Lisboa e não em Coimbra) e mandado plantar o pinhal de Leiria, o motivo por que lhe puseram o cognome de Lavrador.
Na verdade, o sexto rei de Portugal provavelmente não mandou plantar apenas aquele pinhal, mas vários. Na época medieval, gastavam-se quantidades exorbitantes de madeira e o desaparecimento das florestas era já um problema. O pinheiro bravo é das árvores que mais rapidamente cresce e, por isso, Dom Dinis teria optado pela sua plantação em vários locais. Além disso, foi um grande impulsionador de todo o tipo de agricultura.
No entanto, o cognome de Lavrador não lhe faz justiça, pois Dom Dinis foi igualmente um grande impulsionador do comércio, da pesca, da exploração mineira e um extraordinário legislador, além de que expandiu a fronteira portuguesa para leste do Guadiana, conseguindo ainda a inclusão da região de Ribacoa no reino. A fundação da Universidade e a sua poesia não foram igualmente os seus únicos contributos culturais. Ao decidir adotar o português como língua oficial dos documentos régios (que até à altura eram redigidos em latim, ou em galaico-português), Dom Dinis contribuiu para a uniformização do idioma, diminuindo as diferenças regionais, pois, naquela época, dificilmente um alentejano entenderia um minhoto ou um transmontano.
De tudo isto e de muito mais darei conta durante todo o próximo ano, assinalando acontecimentos importantes do reinado de Dom Dinis, à medida que forem acontecendo os respetivos aniversários. E aproveito para dizer que o meu romance sobre o Rei Lavrador será republicado em edição revista e melhorada.
Nota 1: a primeira imagem é um pormenor da estátua de Dom Dinis em Coimbra; a segunda imagem vem daqui.
Nota 2: as minhas informações sobre Dom Dinis baseiam-se na sua biografia, escrita pelo Professor José Augusto de Sotto Mayor Pizarro (Temas e Debates 2008).