Por parte de sua mãe, Dona Beatriz, Dom Dinis era neto de um dos reis mais importantes da Hispânia medieval: Dom Afonso X, o Sábio. Deixou, para a posteridade, importantes obras: compilações de leis escritas em castelhano e não em latim, como era costume; uma compilação de todos os jogos que se conheciam na altura (incluindo o xadrez) e, na sua qualidade de poeta, reuniu, nas Cantigas de Santa Maria, centenas de milagres da Virgem. Como vemos, Dom Dinis tinha a quem sair!
No meu romance, Dom Dinis, com apenas cinco anos, visita o avô, em Toledo, na companhia da mãe, da irmã Branca e do irmão Afonso. Aqui, um pequeno excerto dessa visita:
Dinis e Branca ouviram fascinados todas as sete estrofes da cantiga e, no fim, o príncipe não resistiu a perguntar:
- Como se fazem rimar as palavras?
- Isso é um mistério que só os poetas guisam conhecer.
Como o pequeno se mostrava desiludido com a resposta, o rei acrescentou:
- Se estás destinado a ser poeta, Deus te concederá o dom.
- E quanto tempo demora?
- Isso, ninguém te sabe dizer. Mas o tempo corre mais lesto do que crês, só hás mister de paciência.
- Paciência - ecoou Beatriz. - É qualidade que Dinis nunca possuirá!
- Não vos precipiteis com tais juízos, filha! - E, piscando novamente o olho ao neto: - Dinis surpreender-nos-á a todos!