Como se sabe, Dom Dinis teve várias amantes, entrou mesmo para a história como um rei dado às relações extra-conjugais, embora, na verdade, não tivesse mais barregãs do que seu pai e até menos filhos bastardos do que seu bisavô Sancho I. Porém, talvez por ser um rei poeta, ficou conhecido como mulherengo.
Deixo um pequeno excerto do meu romance relativo a um amor de juventude de Dom Dinis, ainda infante, com quinze anos:
Davam-se muitas liberdades aos dois. Maria Rodrigues era uma morena de braços roliços e peitos avantajados, que se fartava de suspirar aos ouvidos do jovem príncipe, fazendo-lhe festinhas nas madeixas macias cor de cobre. Dinis, que experimentava pela primeira vez os prazeres que carícias femininas despoletavam, aturava-lhe as coscuvilhices. A moça adorava pô-lo a par dos mexericos transmontanos: quem andava atrás de quem, quem intrigava contra quem e, acima de tudo, quem a invejava. Estalava de presunção, ao narrar como fulana se roera de inveja ao vê-la entrar na igreja de brial novo, ou que sicrana lhe cobiçava as rendas do enxoval. E, quando Dinis se dignava a acompanhá-la à missa ou a algum arraial, era quem a visse emproada, a agitar o abanico, pois aquela vaidade extrema causava-lhe calores, punha-lhe as faces em brasa.