Faz hoje 708 anos que Clemente V autorizou a transferência do Estudo Geral para Coimbra, cerca de um ano depois de ter sido feito o pedido (ver aqui). O Estudo Geral das Ciências, percursor da Universidade, foi fundado em Lisboa, em Agosto de 1290, mas Dom Dinis decidiu transferi-lo para Coimbra cerca de dezassete anos mais tarde.
No início de 1306, Dinis reuniu-se com o arcebispo de Braga e o bispo de Coimbra, a fim de tratar de um assunto que não tolerava mais adiamentos: a transferência do Estudo Geral para Coimbra. A situação em Lisboa tornara-se insustentável, os escolares não mais haviam parado com os seus protestos e os conflitos iam-se agravando, afetando, não só grande parte da população, como os visitantes! Ao porto de Lisboa chegavam frequentemente galés estrangeiras e os estudantes, no seu descontentamento, abusavam da imunidade que Nicolau IV lhes concedera, envolvendo-se em toda a espécie de rixas.
O Estudo, porém, teria de ser preservado, Dinis via a necessidade de formar especialistas portugueses, sobretudo em leis. Coimbra parecia ser a solução ideal, era bem mais sossegada do que Lisboa e o rei planeava criar lá um burgo, adjacente à alcáçova, exclusivamente destinado aos estudantes. Além disso, o mosteiro dos Cónegos Regrantes de Santa Cruz, com a sua biblioteca, estaria em condições de lhes dar o mesmo apoio do de São Vicente de Fora, fundado por Afonso Henriques precisamente em homenagem ao de Santa Cruz de Coimbra.
Dom Estêvão Anes Bochardo, o chanceler-mor do reino, que era igualmente bispo de Coimbra, regozijava-se com a transferência. A colaboração de Dom Martinho Peres de Oliveira, arcebispo de Braga, era imprescindível, pois a medida teria de ser aprovada por Roma.
A Universidade haveria de trocar de local, sempre entre Lisboa e Coimbra, durante alguns séculos.
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