Faz hoje 753 anos que nasceu o infante Dom Afonso, irmão de Dom Dinis, mais novo cerca de ano e meio. Dom Afonso parece nunca ter superado a sua condição de filho segundo, pois causou problemas ao rei durante toda a vida. Por três vezes se insubordinou, obrigando Dom Dinis a usar da força, pondo cerco aos lugares onde se refugiava: Vide, Arronches e Portalegre. Por outro lado, é notável que o Rei Poeta sempre lhe tenha perdoado e o tenha protegido, mesmo em circunstâncias absurdas.
O infante Dom Afonso casou com Dona Violante Manuel, filha do infante Dom Manuel de Castela, recebendo senhorios no reino de Múrcia. O matrimónio, porém, não foi reconhecido pela Igreja, devido ao parentesco: Dom Manuel de Castela, sendo irmão do rei Afonso X, era tio-avô do infante português.
Dom Dinis, sempre protetor, legitimou-lhe os filhos, na sua qualidade de rei, sem consultar a Igreja, provocando um protesto formal de Dona Isabel, por sinal, no dia do 34º aniversário do infante (ver abaixo).
Dom Afonso teve um fim de vida muito amargo. O seu filho e herdeiro morreu com apenas dezassete anos, em 1302, e, apesar de ter ainda três filhas, o infante não conseguiu superar a morte daquele que era o orgulho da sua vida. Terá começado a comportar-se de maneira estranha, chegando mesmo a assassinar a esposa, caso que foi abafado por Dom Dinis, apesar de o rei de Aragão, cunhado do monarca português e igualmente parente da falecida, o instar a esclarecer a questão.
Dom Dinis protegeu o irmão até ao fim. Dom Afonso morreu a 2 de Novembro de 1312, com apenas quarenta e nove anos, sendo sepultado na igreja de São Domingos de Lisboa, no túmulo que o próprio mandara fazer.
Foi igualmente a 6 de Fevereiro (em 1297) que Dona Isabel apresentou, na alcáçova de Coimbra, protesto formal contra a legitimação dos sobrinhos, filhos do seu cunhado Dom Afonso. Apresentou como motivos o facto de o irmão do rei se ter insubordinado algumas vezes e o provável perigo que os filhos deste pudessem significar para o reinado do filho Dom Afonso IV. De qualquer maneira, é curiosa uma atitude deste tipo por parte de uma rainha caridosa, que sempre procurou consensos.
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Apesar de ter aceite o protesto, Dom Dinis não se escusou a redigir a carta que legitimou os filhos de seu irmão, dois dias mais tarde.
O filho de Dom Dinis e de Dona Isabel, o príncipe herdeiro Afonso, apresentou igualmente um protesto a esta legitimação, passados onze anos, o que teria desagradado ao pai. Aliás, Dom Dinis nunca verdadeiramente se entendeu com o seu herdeiro, futuro Dom Afonso IV.